Atualmente, os festivais de música são uma indústria consolidada em Portugal e investem cada vez mais na comunicação. Em 2016 foram confirmadas 249 edições deste tipo de eventos em território nacional. Hoje em dia, a concorrência é tão vasta que as organizações preocupam-se tanto no alinhamento da programação como na forma como o comunicam. Um exemplo espectacular disso será sem dúvida o Vodafone Paredes de Coura que já percebeu que o seu terreno mais fértil e convidativo é nada mais que a relva onde decorre o evento, ou as ruas da vila que o cerca. Nesse âmbito, o festival tornou estes locais a cara e o cartaz do evento, colocando os nomes dos artistas espalhados em cafés, na varanda da Camara Municipal, bancos de jardim e até árvores. Este é um festival que trabalha passo a passo com a agência que contrata, chegando assim diretamente ao seu público. Assim, é já certo que está em voga elaborar a comunicação destes eventos de forma genuinamente frontal. É também o que tem feito o festival NEOPOP.
O NEOPOP é um festival de música eletrónica a decorrer em agosto em Viana do Castelo. A comunicação deste evento é fundamentalmente conceptual. Ou seja, todos os anos o NEOPOP parece desfigurar-se e dar novas imagens à sua imagem. Este ano decorreu uma situação interessante no avanço dos artistas que finalizariam o cartaz da 12a edição do festival. Tal como espectável, o departamento de comunicação do festival preparou o lançamento de novidades através de alguns canais habituais: Facebook, Instagram e uma newsletter via e-mail. Nas redes oficias, na manhã do dia dois de março, lia-se “Novas confirmações hoje às 17h.” de forma a estimular o público e a agitar os seguidores deste festival. O que viria a acontecer a seguir era o que não se esperava. Por volta das 12h30, um enorme número de utilizadores do Facebook propagavam por toda a parte os tais artistas a ser divulgados às 17h - “Já sei os novos nomes! Mas não contes a ninguém”. Este fenómeno criou uma onda de buzz tão intensa à volta do festival que provocou visualizações, visitas ao site e comentários nas redes sociais a um número recorde. A que se deve isto afinal? A promotora do festival encaminhou uma press release para a comunicação social e para agentes culturais às 12h. Não consegui confirmar se foi um ato antecipado, mas a verdade é que também surgiram novidades intermitentes no site oficial e foram comunicadas em tempo real algumas das confirmações na Antena 3.
Tudo isto gerou um efeito de hype fortíssimo junto dos fãs do festival e interessados da área. O fator “exclusividade” foi o protagonista deste fenómeno. As pessoas tendem a tornar pública a informação que lhes parece restrita, direta, especial, como foi o caso. Um sentimento de privilégio e exceção formaram-se como uma vantagem pessoal para os indivíduos que impulsionaram o “falatório”. “Boca a boca” se foi espalhando a nome do festival e os nomes dos artistas que estariam presentes na edição deste ano.
Uma boa estratégia ou simplesmente a falta dela? Não sei, mas a verdade é que o NEOPOP triunfou com notoriedade e uma intensa presença digital em toda essa semana chegando assim ao olhos e ouvidos de muita mais gente do que esperava.