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Uma mudança de pensamento

Diogo Vieira e Renata Vilaça

Já alguma vez refletiu sobre a criatividade?

Arquimedes, através da sua experiência denominada de “Aha”, deu os primeiros passos para perceber de onde surge a criatividade. Naquela altura acreditava-se que esta estava ligada a um poder superior. Esta visão classificou a criatividade como um traço difícil de estudar, o que dificultou os estudos seguintes. Após um longo período de tempo, esta ideia foi refutada através de estudos empíricos que mostraram que a criatividade está associada a várias características individuais de personalidade.

Estudos psicométricos e neurocientíficos revelam que os traços de personalidade e mecanismos neurocognitivos estão na base das diferentes facetas da criatividade. Esta pesquisa mostra que a criatividade está, por exemplo, ligada à inteligência, motivação e conhecimento. Estes estudos foram essenciais para eliminar os mitos e mistérios criados em torno da temática. Pesquisas neurocientíficas sugerem que a capacidade de pensamento criativo está associada um maior controlo cognitivo, assim como a uma maior flexibilidade do pensamento.

Os estudos EEG – método de monitoramento de registo de atividade elétrica do cérebro - revelam que há mecanismos cerebrais que são a base da criatividade, especialmente relacionados com tarefas da frequência alfa (uma das cinco frequências do cérebro humano). Estes estudos mostram que, quanto maior a criatividade, maior a frequência alfa verificada no cérebro.

Já deve ter percebido que um grande nível de criatividade é comummente considerado um sinal de saúde mental e bem-estar. Porém, existe uma interpretação em que uma esquizotipia positiva e a criatividade podem partilhar processos cognitivos que constituem componentes do processo de pensamento criativo.

Eysenck e Mednick afirmam que pessoas que sofrem de algum tipo de esquizofrenia poderão ter uma maior ligação com processos desinibidores durante a ideação criativa devido à sua predisposição para um estilo de pensamento super inclusivo. Contudo, e segundo vários autores, é crucial que exista um alternância flexível entre os diferentes processos de pensamento para que ocorra a ideação criativa. Alterações nestes processos de pensamentos estão associados a pessoas com um certo índice de esquizotipia. Deste modo, estudos verificam um maior do controlo cognitivo em pessoas mais criativas quando comparadas a pessoas que sofrem de esquizofrenia.

O conceito de criatividade pode e deve ser aplicado em diferentes domínios. Alguma vez pensou que através de uma ação mais criativa é possível transformar emoções negativas em algo positivo? Pois bem, estudos revelam que a forma como os indivíduos processam a situação irá ter impacto no seu desfecho.

A habilidade de pensar de forma flexível é considerada um constituinte básico da reavaliação cognitiva, que é capaz de gerar novas soluções para as situações mais óbvias. Portanto, aconselhamo-lo a pensar de maneira diferente e a ver as coisas por outro prisma.

Esperamos que agora esteja em condições para responder de forma afirmativa à questão que lhe colocámos inicialmente.

Nota: Esta publicação insere-se na rubrica "Ciência da Criatividade", espaço onde se procura perceber de que forma a criatividade pode ser explicada através da ciência. Todas as publicações têm como base o livro "The Cambridge Handbook of the Neuroscience of Creativity".

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