Para percebermos o conteúdo deste artigo convém estarmos familiarizados com o conceito de Polímata. Um Polímata é uma pessoa que possui uma vasta cultura sobre diversos assuntos. Quando pensamos em Polímatas, os primeiros nomes que ressaltam na nossa memória são aqueles de grandes personalidades históricas como Picasso, Einstein ou Leonardo Da Vinci. Definido de forma simples como alguém que contribuiu de forma significativa para diferentes campos de conhecimento ou atuação, o Polímata é muitas vezes classificado como estando em vias de extinção ou até extinto.
A argumentação usada para tal é que vivemos num mundo moderno, altamente especializado e onde os limites do conhecimento de uma área específica são inexistentes. Mas como vamos provar mais à frente, isto é apenas um mito! Um estudo realizado em 2010 por Arden et al. tentou contextualizar a polimatia e concluiu que a criatividade necessária para tal é composta por conhecimentos específicos de um determinado domínio, habilidades de domínio geral e características de personalidade necessárias para manter a motivação e persistência requerida.
Desta forma, não é difícil encontrarmos Polímatas nos tempos atuais. Por exemplo, F. Musgrave - para muitos um desconhecido - é um caso extraordinário que, para além de seis missões espaciais como astronauta, tem seis licenciaturas e já trabalhou como físico, cirurgião, eletricista de aviação, matemático, entre muitas outras áreas. Um exemplo mais conhecido é Arnold Shwarzenegger, uma lenda do body-building, mas também um dos atores com maior notoriedade mundial, tendo governado uma das maiores economias do mundo.
Neste momento, podemos considerar que desmistificamos metade do mito. E se ainda não está convencido/a, pense em quantos amigos seus são excelentes na escola, a praticar desporto e ainda conseguem tocar um ou mais instrumentos musicais. Pois, consegue pensar em alguns.
Passando então para a segunda parte do mito, o de que quanto maior a informação, mais dificilmente se consegue ter um conhecimento extenso sobre uma área específica, Vega & Walsh relembram que nem toda a informação publicada ou que temos a nosso dispor é interessante ou válida.
Os autores afirmam também que as condições atuais ainda são mais encorajadoras da Polimatia. Desde cedo, são-nos incutidos os princípios de aprendizagem que, depois, poderão ser transferidos para outras áreas mais específicas. Ao mesmo tempo, somos cada vez mais incentivados a ser criativos e o ciclo de vida atual é mais encorajador para as pessoas não terem medo de falhar e aspirarem o sucesso.
Por fim, os autores consideram mesmo que estamos a entrar na era dos Polímatas. Fazendo um paralelismo com a área do marketing e da comunicação, atrevemo-nos mesmo a dizer que um profissional desta área, para ser bem-sucedido, terá que ser cada vez mais “Polímata”. Isto porque terá que ser capaz de saber e praticar bem vários domínios como o marketing digital, design, escrita criativa, publicidade, estratégia, dança, cozinha… e a lista podia continuar.
Conselho para o leitor: analise a área onde quer ser bem-sucedido, desconstrua-a e veja quais as suas principais valências e sub-áreas. Todos os dias tente saber mais um pouco sobre cada uma delas. Como? Siga vários sites, plataformas, páginas de redes sociais relacionadas com o seu domínio de atuação. Crie uma rotina de leitura e aprendizagem e construa uma base de dados com as informações mais importantes que vá encontrando. Quem sabe não se tornará um dos próximos Da Vincis?!
Nota: Esta publicação insere-se na rubrica "Ciência da Criatividade", espaço onde se procura perceber de que forma a criatividade pode ser explicada através da ciência. Todas as publicações têm como base o livro "The Cambridge Handbook of the Neuroscience of Creativity".