Todos os dias nos deparamos com produtos ou pessoas criativas, que se distinguem pela sua forma de pensar e pelas suas ideias geniais. O que não entendemos é de onde vem essa criatividade. Na verdade, essas capacidades criativas podem estar relacionadas com a genética. Mas, antes de mais, é importante perceber o que é, afinal, a criatividade. A originalidade e a eficácia são os elementos centrais dos comportamentos e dos produtos criativos, e até mesmo das pessoas.
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O produto é o foco da pesquisa da criatividade, e o que a distingue da tradição psicométrica, que se foca na inteligência. A psicométrica concentra-se nas pessoas e nos seus comportamentos, não avaliando produtos ou ideias - o oposto da criatividade. Nesta lógica, será que Guernica de Picasso, Mona Lisa de Da Vinci ou a Teoria da Relatividade de Einstein são produtos criativos? Sim, são. O seu nível de criatividade é avaliado com base nos critérios da criatividade – a originalidade e o impacto. A criatividade é, assim, um atributo dos seres vivos e também das coisas não vivas, o que a distingue da inteligência, que é apenas um atributo dos seres vivos.
Todos nós gostaríamos de ser altamente criativos, mas, infelizmente, isso é impossível. A alta criatividade é resultado da combinação de traços da personalidade (abertura à experiência, assertividade e autodirecionamento, força do ego, tomada de risco), subclínicos (esquizotípico, transtorno bipolar, psicoticismo, hipomania) e cognitivos (pensamento divergente e inteligência geral). Fatores que contribuem para aumentar a probabilidade de um indivíduo fazer uma contribuição mais ou menos duradoura para a cultura.
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No entanto, não é só destes fatores que é feito o perfil criativo. Há aspetos de desenvolvimento pessoal associados à criatividade como as diversas experiências ambientais, os antecedentes familiares e as experiências educacionais, que ajudam também a moldar a criatividade dos indivíduos.
De entre estes aspetos, destacamos que, muitas das vezes, as medidas de desempenho educacional podem ser mais hereditárias do que os próprios indicadores psicológicos, como a personalidade ou a inteligência. Assim, a interação gene-ambiente, ou seja, o ambiente e os comportamentos daqueles que nos rodeiam, influenciam positiva ou negativamente aquilo em que nos tornamos e a maneira como agimos, de forma ativa ou passiva.
Então será que a criatividade é determinada pelos genes? A ciência aponta nesse sentido. A aptidão criativa resulta de vários fatores, tanto cognitivos como da interação gene-ambiente.
Nota: Esta publicação insere-se na rubrica "Ciência da Criatividade", espaço onde se procura perceber de que forma a criatividade pode ser explicada através da ciência. Todas as publicações têm como base o livro "The Cambridge Handbook of the Neuroscience of Creativity".